BRASÍLIA - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira (29) que o objetivo da visita a Jair Bolsonaro (PL) seria "prestar solidariedade", "sem nenhum tipo de interesse". Segundo ele, é "triste" ver a situação de saúde em que o ex-presidente está.
"É muito triste ver o presidente na situação que ele está. Assim, a gente conversando, e ele soluçando o tempo todo. Isso ainda é a consequência das várias cirurgias que ele fez, consequência do atentado covarde que ele sofreu, que quase ceifou a vida dele".
"Então a gente está aqui para prestar nosso apoio, prestar nossa solidariedade, para estender a mão, sem nenhum tipo de interesse. A gente vai estar aqui do lado dele sempre", destacou ele.
A declaração foi dada à imprensa, após visita de três horas a Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar em Brasília. Também estiveram presentes no encontro o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Jair Renan, vereador de Balneário Camboriú (SC).
O governador de São Paulo afirmou que o tema da anistia não foi pauta da conversa com Bolsonaro, mas Tarcísio defendeu a aprovação da proposta como um "caminho de pacificação do país".
"Eu acredito, sim, em um caminho de pacificação, acho que muitas pessoas que estão presas não sabiam o que estavam fazendo. Já cumpriram, já entenderam que toda depredação é deplorável, é condenável. A gente não pode, e não é falar de privilegiar, de uma reincidência, uma impunidade, é reconquistar um caminho para paz. Na minha opinião, o caminho para a pacificação é a anistia", disse.
O governador também criticou a proposta que prevê apenas redução de penas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e citou o ministro Alexandre de Moraes, que usaria investigações como "instrumento de pressão" contra a direita.
"Então você não pode falar em redução de penas de dois crimes, quando tem pessoas que estão presas por organização criminosa armada, gente que nunca usou arma de fogo. Depredação de patrimônio público, tem pessoas que nem estavam em Brasília, quer dizer, é uma grande injustiça e não é reduzindo as penas que você vai recompor isso. E todos as outras investigações que também, no meu ponto de vista ilegal, que continuam lá sobre a relatoria do ministro Alexandre de Moraes e que vão continuar abertas, vão continuar sendo usadas como instrumento de pressão em especial os políticos do espectro da direita".
Essa foi a primeira visita de Tarcísio a Bolsonaro, após a condenação do ex-presidente a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, e a segunda desde que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão domiciliar.
Na Câmara dos Deputados, o relator da proposta, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já disse que fará um texto voltado à redução de penas, e não à anistia "ampla, geral e irrestrita", como defendem os aliados do ex-presidente.
Eleição 2026
Nesta segunda-feira, o governador de São Paulo declarou ainda que ele e Bolsonaro não trataram sobre candidatura da direita ao Palácio do Planalto. Questionado por jornalistas, Tarcísio voltou a dizer que é candidato à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. Além disso, afirmou ter "muita consideração" com o ex-presidente, que foi "importante" na sua história.
Flávio Bolsonaro, por sua vez, fez questão de destacar a união dos partidos de centro-direita para a eleição de 2026, afastando rumores de disputas internas.
"Obviamente falamos sobre política e, da minha parte, o recado que eu quero dar para todo mundo, para que não haja dúvidas, é que independente de como as coisas vão transcorrer daqui para frente, eu, Tarcísio, nós, os partidos de centro-direita vamos estar junto de qualquer forma em 2026 para a gente recolocar o Brasil nos trilhos a partir de 2027".
O nome do governador de São Paulo para a disputa da Presidência em 2026 tem a simpatia de caciques do centrão, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), e de agentes do mercado.
No entanto, Tarcísio enfrenta resistência na ala mais ideológica do bolsonarismo. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por exemplo, tem atuado abertamente contra a sua indicação como candidato ao Planalto, enquanto tenta lançar seu próprio nome à disputa, contrariando o partido.
Oficialmente, o governador tem reiterado a intenção de disputar a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. Além da espera do aval do padrinho político, há uma avaliação de que antecipar uma pré-candidatura, a um ano das eleições, é um risco desnecessário de exposição a ataques de adversários.
Tarcísio chegou ao condomínio de Bolsonaro, no Jardim Botânico, por volta das 13h30. Eles almoçaram juntos. A visita foi solicitada pelo governador paulista no último dia 15, mas autorizada por Moraes somente para esta segunda-feira.
Na agenda oficial de Tarcísio, constava a viagem a Brasília, sem mencionar o encontro com Jair Bolsonaro.