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29/10/2025 21:01
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PF foi consultada sobre operação no Rio, mas avaliou que não era 'atribuição' da corporação
BRASÍLIA - A Superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro foi previamente consultada pelas polícias locais do estado sobre a operação da última terça-feira (28/10), que resultou na morte de mais de 130 pessoas, de acordo com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
Porém, a corporação entendeu que não seria o caso de participar da operação, pois não estaria dentro das atribuições da PF, cuja atividade tem como foco investigação ao invés de ações policiais ostensivas.
"Nós não fomos comunicados que seria deflagrada nesse momento. Houve contato anterior, do pessoal da inteligência da PM com o nosso pessoal no Rio, para ver se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto nesse contexto. A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse", disse Andrei nesta quarta-feira (29/10).
O governo federal não foi formalmente comunicado que seria feita a operação. Nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comandou uma reunião, da qual participou Andrei Rodrigues e ministros do governo, para avaliar a situação no Rio.
Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, Lula se mostrou "estarrecido" com o número de mortes.
"O presidente ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais. Também se mostrou surpreso que uma operação dessa envergadura fosse desencadeada sem o conhecimento do governo federal e sem a possibilidade de o governo federal participar com os recursos que tem, informações, apoio logístico", disse Lewandowski.
Andrei Rodrigues e Lewandowski farão uma reunião com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), na tarde desta quarta-feira, em meio a uma disputa de narrativas entre o governo federal e o estadual. Também participarão as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania).
Estiveram na reunião com Lula no Palácio da Alvorada:
* Geraldo Alckmin, vice-presidente
* Rui Costa, ministro da Casa Civil
* Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria das Relações Institucionais
* Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública
* José Múcio, ministro da Defesa
* Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania
* Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação
* Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial
* Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal
* Marcelo Freixo, presidente da Embratur
Troca de acusações
A megaoperação virou motivo de troca de acusações entre o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o governo federal. Ainda na manhã de terça-feira, Castro afirmou que o governo federal negou ajuda para operações policiais no Rio de Janeiro e o estado "estava sozinho" na ação desta manhã na Zona Norte carioca.
"Tivemos pedidos negados três vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando", reclamou Castro à imprensa.
Em coletiva à tarde, Ricardo Lewandowski negou e afirmou que não recebeu nenhum pedido do governo do Rio de Janeiro para apoio na megaoperação contra o Comando Vermelho.
"Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro para essa operação", disse Lewandowski, no Ceará, na terça-feira.
O ministro da Justiça explicou que, para envio de blindados, é necessário a decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), prevista na Constituição. Para isso, o governador do estado precisa reconhecer a falência dos órgãos estaduais e transferir a responsabilidade da segurança pública para a União, no caso, as Forças Armadas.
Ao ser questionado por jornalistas, Lewandowski declarou ainda que o governo federal cumpriu seu dever e apresentou uma solução, em referência à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e em tramitação na Câmara dos Deputados.
Ele citou também o projeto de lei 'Anti-facção', em análise na Casa Civil, e que aguarda aval do presidente Lula. A medida endurece penas e mira facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho.
Governo federal nega acusações
Após as críticas de Castro, o Ministério da Justiça divulgou uma nota negando as acusações de que negou ajuda ao governo do Rio de Janeiro. O ministério destacou que mantém a Força Nacional no Rio de Janeiro desde outubro de 2023, com atuação garantida até dezembro de 2025, medida que pode ser renovada. Segundo a pasta, todos os 11 pedidos de renovação feitos pelo governo do Rio.
"O Ministério da Justiça e Segurança Pública reafirma seu compromisso com o Estado do Rio de Janeiro, promovendo a segurança pública por meio do apoio integrado. As ações coordenadas têm como objetivo fortalecer o combate ao crime organizado, reduzir índices de criminalidade e garantir maior sensação de segurança à população. Com investimentos significativos e esforços contínuos, o MJSP permanece empenhado em assegurar resultados efetivos e contribuir para a preservação da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro", diz trecho da nota.
Já o Ministério da Defesa, por meio de nota, informou que o pedido do governo do Rio de Janeiro para veículos blindados foi em janeiro de 2025.
"O Ministério da Defesa informa que, quando o Governo do Estado do Rio de Janeiro encaminhou ofício solicitando o apoio logístico da Marinha do Brasil (em janeiro de 2025), por meio do fornecimento de veículos blindados, o referido pedido foi submetido à análise da Advocacia-Geral da União (AGU). O ofício estava relacionado ao episódio ocorrido em dezembro de 2024, quando uma Capitã de Mar e Guerra da Marinha do Brasil faleceu ao ser atingida por uma bala no Hospital Naval Marcílio Dias".
"Naquele momento, a Marinha posicionou veículos blindados no perímetro do hospital, respeitando o limite legal de 1.400 metros em torno de instalações militares, medida voltada à segurança da área e dos militares. A AGU emitiu parecer técnico indicando que a solicitação do governo do RJ somente poderia ser atendida no contexto de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que demandaria Decreto Presidencial", diz a nota.
Porém, a corporação entendeu que não seria o caso de participar da operação, pois não estaria dentro das atribuições da PF, cuja atividade tem como foco investigação ao invés de ações policiais ostensivas.
"Nós não fomos comunicados que seria deflagrada nesse momento. Houve contato anterior, do pessoal da inteligência da PM com o nosso pessoal no Rio, para ver se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto nesse contexto. A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse", disse Andrei nesta quarta-feira (29/10).
O governo federal não foi formalmente comunicado que seria feita a operação. Nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comandou uma reunião, da qual participou Andrei Rodrigues e ministros do governo, para avaliar a situação no Rio.
Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, Lula se mostrou "estarrecido" com o número de mortes.
"O presidente ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais. Também se mostrou surpreso que uma operação dessa envergadura fosse desencadeada sem o conhecimento do governo federal e sem a possibilidade de o governo federal participar com os recursos que tem, informações, apoio logístico", disse Lewandowski.
Andrei Rodrigues e Lewandowski farão uma reunião com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), na tarde desta quarta-feira, em meio a uma disputa de narrativas entre o governo federal e o estadual. Também participarão as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania).
Estiveram na reunião com Lula no Palácio da Alvorada:
* Geraldo Alckmin, vice-presidente
* Rui Costa, ministro da Casa Civil
* Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria das Relações Institucionais
* Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública
* José Múcio, ministro da Defesa
* Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania
* Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação
* Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial
* Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal
* Marcelo Freixo, presidente da Embratur
Troca de acusações
A megaoperação virou motivo de troca de acusações entre o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o governo federal. Ainda na manhã de terça-feira, Castro afirmou que o governo federal negou ajuda para operações policiais no Rio de Janeiro e o estado "estava sozinho" na ação desta manhã na Zona Norte carioca.
"Tivemos pedidos negados três vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando", reclamou Castro à imprensa.
Em coletiva à tarde, Ricardo Lewandowski negou e afirmou que não recebeu nenhum pedido do governo do Rio de Janeiro para apoio na megaoperação contra o Comando Vermelho.
"Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro para essa operação", disse Lewandowski, no Ceará, na terça-feira.
O ministro da Justiça explicou que, para envio de blindados, é necessário a decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), prevista na Constituição. Para isso, o governador do estado precisa reconhecer a falência dos órgãos estaduais e transferir a responsabilidade da segurança pública para a União, no caso, as Forças Armadas.
Ao ser questionado por jornalistas, Lewandowski declarou ainda que o governo federal cumpriu seu dever e apresentou uma solução, em referência à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e em tramitação na Câmara dos Deputados.
Ele citou também o projeto de lei 'Anti-facção', em análise na Casa Civil, e que aguarda aval do presidente Lula. A medida endurece penas e mira facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho.
Governo federal nega acusações
Após as críticas de Castro, o Ministério da Justiça divulgou uma nota negando as acusações de que negou ajuda ao governo do Rio de Janeiro. O ministério destacou que mantém a Força Nacional no Rio de Janeiro desde outubro de 2023, com atuação garantida até dezembro de 2025, medida que pode ser renovada. Segundo a pasta, todos os 11 pedidos de renovação feitos pelo governo do Rio.
"O Ministério da Justiça e Segurança Pública reafirma seu compromisso com o Estado do Rio de Janeiro, promovendo a segurança pública por meio do apoio integrado. As ações coordenadas têm como objetivo fortalecer o combate ao crime organizado, reduzir índices de criminalidade e garantir maior sensação de segurança à população. Com investimentos significativos e esforços contínuos, o MJSP permanece empenhado em assegurar resultados efetivos e contribuir para a preservação da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro", diz trecho da nota.
Já o Ministério da Defesa, por meio de nota, informou que o pedido do governo do Rio de Janeiro para veículos blindados foi em janeiro de 2025.
"O Ministério da Defesa informa que, quando o Governo do Estado do Rio de Janeiro encaminhou ofício solicitando o apoio logístico da Marinha do Brasil (em janeiro de 2025), por meio do fornecimento de veículos blindados, o referido pedido foi submetido à análise da Advocacia-Geral da União (AGU). O ofício estava relacionado ao episódio ocorrido em dezembro de 2024, quando uma Capitã de Mar e Guerra da Marinha do Brasil faleceu ao ser atingida por uma bala no Hospital Naval Marcílio Dias".
"Naquele momento, a Marinha posicionou veículos blindados no perímetro do hospital, respeitando o limite legal de 1.400 metros em torno de instalações militares, medida voltada à segurança da área e dos militares. A AGU emitiu parecer técnico indicando que a solicitação do governo do RJ somente poderia ser atendida no contexto de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que demandaria Decreto Presidencial", diz a nota.