Geral
02/11/2025 08:37
★
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'No Brasil, ser rico é uma performance frágil', afirma Michel Alcoforado
Aqui a lógica é da conquista. O primeiro aspecto importante é uma certa naturalização daquilo que se tem. No Brasil, ao contrário dos EUA, contar a história de como ficou rico não valoriza ninguém, nem legitima mais ninguém. Ao contrário, o que é importante é mostrar que se tem o que se tem desde sempre. Essa coisa do 'vejam o que eu conquistei' é mais importante do que o trabalho que tive para construir o que construí.
E há um segundo aspecto importante também, e é central na organização das diferenças de classe no Brasil, que é a lógica de que 'está tudo aí'. Acompanhei grandes empreendedores aqui no Brasil e nos EUA, e aqui a lógica é: 'está tudo aí, você só precisa dar conta de conquistar aquilo que já está aí'.
Com o avanço da leitura, fica óbvio: só o dinheiro não basta. São códigos, gestos e olhares que você chama de "muros invisíveis". Em um mundo de baixa da logomania, o quiet luxury é a nova arma pela diferença. Essa busca por um luxo indetectável para os "de fora" é sustentável, ou o código de distinção já está migrando?
A busca pela distinção ou pelo apagamento dessas fronteiras para os de fora é um desejo de todos, de ricos tradicionais e de novos ricos. O que acontece é que os ricos tradicionais são dotados de outros saberes para além daquilo que compram.
Eles conseguem, na forma como manejam o corpo, na maneira como falam, onde estudaram, que viagens fizeram, entregar um certo traço de riqueza que é valorizado pela sociedade brasileira. E eles podem se valer das coisas para impactar só aqueles que estão dentro dos seus muros.
Com o tal do quiet luxury você sussurra para o mundo. Mas você grita, do mesmo modo que qualquer novo rico, como qualquer uma das camadas médias, para quem você quer gritar.
Eu e você, se virmos um cashmere Loro Piana, ele não dirá muita coisa, a gente não é capaz de identificar facilmente sem o logo. Mas, o que sussurra para a gente, gritará para um outro ricaço que sabe muito bem e conhece a coleção dos cashmere Loro Piana desde que o mundo é mundo.
E há um segundo aspecto importante também, e é central na organização das diferenças de classe no Brasil, que é a lógica de que 'está tudo aí'. Acompanhei grandes empreendedores aqui no Brasil e nos EUA, e aqui a lógica é: 'está tudo aí, você só precisa dar conta de conquistar aquilo que já está aí'.
Com o avanço da leitura, fica óbvio: só o dinheiro não basta. São códigos, gestos e olhares que você chama de "muros invisíveis". Em um mundo de baixa da logomania, o quiet luxury é a nova arma pela diferença. Essa busca por um luxo indetectável para os "de fora" é sustentável, ou o código de distinção já está migrando?
A busca pela distinção ou pelo apagamento dessas fronteiras para os de fora é um desejo de todos, de ricos tradicionais e de novos ricos. O que acontece é que os ricos tradicionais são dotados de outros saberes para além daquilo que compram.
Eles conseguem, na forma como manejam o corpo, na maneira como falam, onde estudaram, que viagens fizeram, entregar um certo traço de riqueza que é valorizado pela sociedade brasileira. E eles podem se valer das coisas para impactar só aqueles que estão dentro dos seus muros.
Com o tal do quiet luxury você sussurra para o mundo. Mas você grita, do mesmo modo que qualquer novo rico, como qualquer uma das camadas médias, para quem você quer gritar.
Eu e você, se virmos um cashmere Loro Piana, ele não dirá muita coisa, a gente não é capaz de identificar facilmente sem o logo. Mas, o que sussurra para a gente, gritará para um outro ricaço que sabe muito bem e conhece a coleção dos cashmere Loro Piana desde que o mundo é mundo.