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Lula pediu a Trump que Rubio não tivesse 'preconceito' ao conversar com o Brasil
Entretenimento 07/10/2025 00:51 Fonte: O TEMPO Por: O TEMPO Relevância: 30

Lula pediu a Trump que Rubio não tivesse 'preconceito' ao conversar com o Brasil

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (6/10) que pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que o secretário de Estado, Marco Rubio, converse com o Brasil "sem preconceito". Rubio foi escolhido por Trump para negociar com o Brasil as tarifas de 50% impostas pelo governo norte-americano aos produtos brasileiros.
"Ficou acertado que, a partir de amanhã, eles vão fazer uma discussão sobre o Brasil. Depois, o secretário de Estado dele vai procurar o nosso governo porque eu tenho Alckmin negociando, eu tenho o Mauro Vieira, que é o chanceler, e tenho o Haddad, que é o ministro da Fazenda", disse o petista, em entrevista à TV Mirante, do Maranhão.
Rubio tem sido um dos principais aliados da família Bolsonaro nos Estados Unidos e já criticou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nas redes sociais.
"Ele [Trump] disse que o Marco Rubio vai conversar com o pessoal, eu pedi para ele dizer ao Marco Rubio para conversar com o Brasil sem preconceito com o Brasil, porque pelas entrevistas que ele deu há um certo desconhecimento sobre o Brasil", completou Lula.
Na entrevista, Lula afirmou também que ele e Trump trocaram telefones pessoais durante a conversa que teve com o presidente dos Estados Unidos por telefone. Lula avaliou a conversa como "extraordinariamente boa".
"Se for uma coisa que precisar envolver mais gente, eu vou envolver, porque não sou eu que faço as negociações. Mas quando eu tiver um assunto político grave e eu tiver que tratar com o presidente Trump e ele comigo, a gente não vai precisar ficar esperando que a burocracia, que a liturgia, marque uma data. Não. A gente pega o telefone, liga um para o outro e coloca o assunto na mesa", destacou o presidente.
Na conversa com Trump, Lula aproveitou para pedir o fim da taxação de 40% imposta pelo governo norte-americano aos produtos brasileiros.
"Nós, depois da nossa conversa de hoje, em que as coisas ficaram mais claras, em que eu disse o que pensava, ele disse o que pensava, nós ficamos de marcar uma conversa para a gente se encontra em torno de uma mesa. Enquanto isso nosso pessoal vai negociando e tentando decidir, porque não tem sentido isso, a taxação que foi feita ao Brasil".
"Eu falei para ele, para a gente começar a conversa é importante que comece a haver o zeramento das taxações, é importante que comece a ver a isenção da punição aos nossos ministros e a gente comece a discutir com um pouco de verdade. "Eu não sei quais são as informações que o senhor tem sobre o Brasil mas é importante que a gente converse olho no olho para mostrar o que está acontecendo".
Trump elogiou conversa com Lula
Mais cedo, os dois líderes conversaram por telefone. Em declaração no Salão Oval da Casa Branca, a jornalistas, Trump repetiu que a conversa com Lula foi muito boa.
"Tive uma ótima conversa com o presidente do Brasil, que é um bom homem. Na verdade, eu o conheci nas Nações Unidas. Eu estava indo fazer um discurso e não tinha um teleprompter... Mas pouco antes disso, me encontrei com o presidente Lula e o achei muito bom. Quer dizer, tivemos uma conversa muito boa por uns dois minutos", disse.
Trump afirmou também que eles devem negociar as tarifas de 50% impostas pelo governo norte-americano aos produtos brasileiros. "Nos conhecemos, gostamos um do outro e, sim, tivemos uma ótima conversa. Sim, vamos começar a fazer negócios", afirmou.
Ao ser questionado se vai ao Brasil para a COP 30, Trump respondeu: "Em algum momento eu irei. E ele (Lula) virá aqui".
Em sua rede social Truth Social, Trump já havia afirmado que a conversa com Lula tinha sido "muito boa" e disse que os dois devem se reunir num "futuro não muito distante".
"Eu tive um telefonema muito bom com o presidente Lula, do Brasil. Nós discutimos vários assuntos, mas com foco principalmente em economia e comércio entre os nossos dois países. Nós iremos ter outras discussões e nos reuniremos num futuro não muito distante, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Eu gostei muito da ligação. Nossos países se darão bem juntos", escreveu.
'Relembraram a boa química', diz Planalto
Segundo o Palácio do Planalto, o diálogo entre os dois presidentes nesta segunda-feira teve um "tom amistoso" e uma "boa química".
"Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU. Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro", disse a Presidência da República.
De acordo com o Planalto, Lula descreveu o contato na ONU, no dia 23 de setembro, como uma oportunidade para a "restauração" das relações entre Brasil e EUA, citou o fato de os EUA terem superávit nas relações comerciais com o Brasil e pediu que Trump retire a tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras, além das sanções aplicadas a autoridades do país.
Na conversa, Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações. Do lado brasileiro, Lula indicou o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Há, ainda, a possibilidade de um encontro presencial entre os dois presidentes.
"Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos", diz o Planalto.
O presidente Lula disse também a Trump que não há tema que não possa ser colocado na mesa de negociação entre Brasil e Estados Unidos, segundo fontes que estavam com o petista durante a conversa.
Diálogo começou na Assembleia da ONU
O primeiro encontro entre Lula e Trump ocorreu na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 23 de setembro, em Nova York. Em seu discurso no evento, o presidente dos Estados Unidos relatou que encontrou Lula brevemente, no pequeno intervalo entre os discursos dos dois, e citou que combinaram de se encontrar.
"Eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo. Nós nos vimos, eu o vi, ele me viu, e nós nos abraçamos. E aí eu penso: 'Vocês acreditam que vou dizer isso em apenas dois minutos?' Nós realmente combinamos de nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar, uns 20 segundos", disse Trump.
No dia seguinte, Lula não descartou que o encontro com Trump fosse presencial e declarou que está "otimista". "Foi uma surpresa boa. Acho mesmo que pintou uma química", disse o presidente brasileiro, em entrevista coletiva à imprensa.
"Tive a satisfação de ter um encontro com o presidente Trump. Aquilo que parecia impossível, deixou de ser impossível e aconteceu. Fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química boa entre nós. Como eu acho que a relação humana é 80% química e 20% emoção, é muito importante essa relação", disse.
Lula completou: "Torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente, Não há por que viver em momentos de conflito". O Itamaraty negocia a reunião entre os dois líderes.

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