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Lula fala em orgulho do STF e pede diálogo com Trump em artigo no NYT
Radio 14/09/2025 22:30 Fonte: agazeta.com.br Por: agazeta.com.br Relevância: 15

Lula fala em orgulho do STF e pede diálogo com Trump em artigo no NYT

BRASÍLIA - O presidente Lula (PT) afirmou, em artigo ao jornal The New York Times publicado neste domingo (14), que deseja manter um diálogo "aberto e franco" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas que está orgulhoso do STF (Supremo Tribunal Federal) pela decisão que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado e que "são infundadas" as acusações contra o Brasil.>

"Presidente Trump, permanecemos abertos a negociar tudo que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e soberania do Brasil não estão na mesa de discussão", afirmou Lula, no artigo escrito em inglês.>

O artigo, segundo Lula, é uma resposta do Brasil às tarifas extras de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. A publicação, porém, ocorre justamente logo após o STF condenar Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão pela trama golpista. O governo americano ameaça novas sanções ao Brasil por causa do julgamento, com a alegação de que houve perseguição política.>

O presidente diz que examinou com atenção o argumento comercial e que é não "apenas equivocado, mas também ilógico", já que há superávit na balança comercial em prol dos americanos. "A falta de racionalidade econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política", escreve Lula.>

Segundo o presidente, o governo americano usa as tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente "que orquestrou uma tentativa fracassada de golpe em 8 de janeiro de 2023, numa tentativa de subverter a vontade popular expressa nas urnas".>

Ele também cita planos para assassiná-lo, ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que foi relator dos processos contra Bolsonaro pela trama golpista.>

"Tenho orgulho do Supremo Tribunal Federal do Brasil por sua decisão histórica na última quinta-feira, que protege nossas instituições e o Estado democrático de direito. Isso não foi uma "caça às bruxas". O julgamento resultou de um processo conduzido de acordo com a Constituição de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar", afirma o presidente brasileiro.>

O presidente ainda rebate no artigo outras acusações do governo Trump para aplicar sanções comerciais ao Brasil, como a de que a regulação das redes sociais visa censurar a liberdade de expressão no país.>

Lula diz que esse argumento é "desonesto" e que a atuação brasileira busca "a proteção de nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio". "A internet não pode ser uma terra sem lei, onde pedófilos e agressores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes", afirma.>

No artigo, ele também defende o Pix, por permitir a inclusão financeira de milhões de cidadãos e empresas. O meio de pagamento faz parte de uma investigação comercial aberta pelo governo dos Estados Unidos contra o Brasil, em apuração no USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA).>

Para Lula, são "infundadas" as alegações de suposta falha na aplicação das leis ambientais. Ele afirma no artigo que o Brasil reduziu a taxa de desmatamento na Amazônia à metade nos dois anos do seu governo -mas que a redução das emissões de gases de efeito estufa depende também de que outros países façam a sua parte.>

O petista declara ainda que quando os Estados Unidos "viram as costas a uma relação de mais de 200 anos", como a mantida com o Brasil, "todos perdem", e afirmou que duas grandes nações devem ser capazes de se respeitar e de cooperar, "pelo bem dos brasileiros e dos americanos".>

No artigo, Lula diz concordar com a ideia de levar empregos de volta aos Estados Unidos e promover a reindustrialização. Ambas, afirma, são motivações legítimas, e ver a Casa Branca " finalmente reconhecer os limites do chamado Consenso de Washington" confirma a posição brasileira, acrescenta.>

O Consenso de Washington é um conjunto de políticas econômicas defendidas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo Banco Mundial nos anos 1990 para países em desenvolvimento, que envolvia privatizações, corte de gastos públicos, desregulação da economia e liberação do comércio internacional. O objetivo era combater o endividamento desses países e sucessivas crises econômicas.>

"Quando, no passado, os Estados Unidos levantaram a bandeira do neoliberalismo, o Brasil alertou para seus efeitos nocivos", diz o brasileiro no artigo.>

Apesar dessa defesa, Lula critica o uso de ações unilaterais e chama de "remédio errado" as tarifas impostas por Trump e defende o multilateralismo.>

Lula ainda defende que os Estados Unidos tiveram ganho na balança comercial com o Brasil de 410 bilhões de dólares em 15 anos e que 75% das importações feitas pelos brasileiros de produtos e serviços americanos são isentas de tarifas, como petróleo, gás natural e aeronaves.>

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