
Geral
18/09/2025 10:30
Fonte: O TEMPO
Por: O TEMPO
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Hotéis, clubes, clínicas, hospital: Conheça a vila militar onde Bolsonaro pode cumprir pena
BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é capitão reformado do Exército, e outros cinco militares condenados na semana passada por tentativa de golpe de Estado, podem cumprir pena em unidades das Forças Armadas. No caso daqueles que ficarem em Brasília, o destino provável será um dos quartéis do Setor Militar Urbano (SMU).
Ele fica em uma região super valorizada do Plano Piloto, entre o Sudoeste e o Noroeste, setores habitacionais com prédios de alto padrão com seis pavimentos, onde o metro quadrado construído custa entre R$ 14 mil e R$ 16 mil. Mas, diferentemente destes, o SMU, onde prevalecem casas com amplos jardins e quintais, não tem congestionamentos ou poluição sonora.
O setor tem 635 casas, destinadas apenas a integrantes do Exército e familiares. Há ainda dois prédios de dois pavimentos com oito apartamentos cada, só para oficiais solteiros. As residências do SMU chegam a 210m² de área construída. Estão sempre bem cuidadas, graças à manutenção de militares de baixa patente.
O cenário é o mesmo nas quatro praças da vila, batizadas com nomes de personalidades nacionais: Ayrton Senna, Cora Coralina, Rubem Braga e Tom Jobim. Todas têm um coreto e muitos bancos. Os gramados estão sempre bem aparados. Não há buracos nas calçadas nem meios-fios quebrados. Muito menos pichações ou qualquer outro sinal de vandalismo.
As casas e outros prédios do Exército no SMU são mantidos por um batalhão de mais de 800 homens e mulheres da Prefeitura Militar de Brasília. O contingente é formado por arquitetos, engenheiros, pedreiros, pintores, marceneiros, bombeiros hidráulicos, entre outros profissionais, civis e militares. Todos pagos com recursos públicos.
Cerca de 3 mil pessoas moram no SMU. Elas têm uma qualidade de vida superior à maioria dos moradores do Plano Piloto. Diferentemente das casas das asas Sul e Norte, nenhuma residência do SMU é geminada. Todas, além das largas e muito bem conservadas calçadas na frente e do estacionamento coberto, têm jardins e quintais.
Para ocupar um desses imóveis funcionais, o militar paga um percentual do salário. Em média, R$ 500 mensais. O aluguel em residências parecidas das áreas nobres de Brasília não sai por menos de R$ 6 mil. Aos oficiais solteiros, são destinados apartamentos em dois edifícios residenciais em frente a um dos clubes do setor.
As residências do SMU são destinadas aos militares que servem no Quartel-General (QG) ou nos nove quartéis ao redor. Foi em frente ao QG que apoiadores de Bolsonaro montaram acampamento contra a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De lá saiu a maioria das pessoas que invadiu e depredou as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Generais moram em chácaras dentro de condomínio fechado
Perto do QG fica a Quadra Residencial de Generais (QRG), delimitada pelas principais avenidas do SMU: Avenida do Exército e Avenida Duque de Caxias. É uma área exclusiva, onde moram os generais de quatro estrelas e seus familiares. A única quadra residencial do SMU cercada.
Nas duas entradas da QRG há pórticos e guaritas, com soldados com fuzis em punho. Só entram pessoas autorizadas. As casas dos generais têm oito casas entre 697,00m² e 790,77m² de área construída. Algumas contam com piscina.
Em 2024, a QGR ganhou uma nova casa, que custou R$ 3,6 milhões. O imóvel tem sete quartos, sendo quatro suítes. A construção da nova residência teve seu contrato assinado em 28 de dezembro de 2022, nos últimos dias da gestão Jair Bolsonaro.
A QRG tem um clube privado com piscina. Também há áreas de lazer com parque infantil, pista de corrida, quadras esportivas, churrasqueiras e uma academia de ginástica, além de um lago decorativo com peixes. Tudo para uso exclusivo dos generais e seus familiares.
Para morar em tal lugar, os generais pagam menos de R$ 1 mil mensais - 6,5% de seu soldo, o salário básico, sem gratificações adicionais. Como todos os outros imóveis do SMU, as casas da QRG são da União, mas cabe às Forças Armadas estabelecer o valor dos aluguéis.
Em dezembro de 2022, apoiadores de Bolsonaro tentaram invadir a área, para pressionar os generais por uma intervenção militar que impediria a posse de Lula. Mas o reforço na segurança, com homens fortemente armados, impediu a invasão.
Clubes, hospitais, hotéis e clínicas privativos
Ao lado da QRG e em frente ao QG fica a Praça Cívica, mais conhecida como Praça dos Cristais, projetada pelo artista plástico Roberto Burle Marx. Ponto turístico de Brasília. "Nunca imaginei que haveria lugar tão bonito dentro de um setor militar", comentou a potiguar Maria de Fátima Oliveira, 52 anos, com a equipe de O TEMPO, durante visita ao lugar.
Já a maranhense Elaine Fonseca, 42, ficou maravilhada com as mulheres de militares fazendo ginásticas com personal trainer em uma das praças em meio à vila de casas. "É surreal a qualidade de vida dessas pessoas. Para ficar perfeito, só falta a praia. Mas vi que eles podem usufruir de clubes com grandes piscinas", comentou.
Das casas ocupadas por famílias de militares das mais diferentes patentes é possível ir a pé a clubes reservados a militares. São dois os clubes, além do restrito aos generais e familiares. Um destinado aos soldados, sargentos e familiares e outro para oficiais e seus parentes.
Ambos têm piscinas, campos de futebol, quadras poliesportivas, quadras de tênis e beach tênis, academias de ginástica, além de restaurantes e serviços com aulas de lutas e outras atividades esportivas. Há outros restaurantes em meio à vila.
Assim como os clubes, existem dois hotéis distintos, destinados a militares de diferentes patentes que desembarcam em Brasília para compromissos. Chamados de "hotel trânsito", na prática funcionam como qualquer hospedaria, com a diferença que seus hóspedes nada pagam ou pouco pagam pelos serviços - a depender do motivo da estadia.
Já para a saúde dos militares e parentes, o SMU tem um hospital moderno, com todas as especialidades, custeados com verbas públicas. Ao lado dele há clínicas. Os militares e seus familiares também podem recorrer ao Hospital da Forças Armadas (HFA), que fica a cerca de 1km. A Aeronáutica e a Marinha também têm seus próprios hospitais em Brasília.
Educação de graça e perto de casa
Não existem muros no SMU. Os quartéis são delimitados por cercas. Já as casas contam com apenas uma mureta na frente, com portões baixos. Um claro sinal da segurança é a presença de calçados e bicicletas na entrada das residências, muitas delas com as portas continuamente abertas.
Soldados da Polícia do Exército (PE) fazem rondas pelas quadras. Eles também organizam o trânsito nas avenidas, onde só há tráfego maior nos horários de início e fim de expediente nos quartéis, de segunda a sexta-feira. Neles trabalham cerca de 15 mil pessoas.
O SMU não é uma área de segurança nacional. Os acessos são restritos nos quartéis. Mas todas as vias, praças e quadras residenciais do setor são públicas, por isso a iluminação, o esgoto, a água e a pavimentação desses espaços ficam a cargo do Governo do Distrito Federal.
Ou seja, os serviços básicos são custeados por todos os moradores de Brasília. Já todos os outros serviços no SMU são pagos por todos os contribuintes brasileiros, já que os militares e seus equipamentos são pagos pela União.
O mesmo ocorre com a Escola Classe dentro do SMU, perto das casas, onde os filhos dos militares podem estudar e fazer refeições gratuitamente. O setor ainda tem a creche Soldadinho de Chumbo, também destinada a filhos de militares.
Teoricamente, qualquer um pode transitar pela vila e usufruir dos espaços públicos, como as quadras de esportes. Mas pessoas estranhas aos militares estão sujeitas à abordagem dos soldados da PE. Em algumas ruas foram colocados cones, e só passa quem se identifica e é autorizado.
Além do SMU, os militares que trabalham em Brasília podem morar em apartamentos nas quadras das asas Sul e Norte, também pagando bem abaixo dos valores de mercado. Generais de Divisão e de Brigada, por exemplo, têm à disposição apartamentos na Asa Norte e casa no Lago Sul, o mais nobre bairro da capital.
Alojamentos para oficiais condenados têm TV e frigobar
Cabe ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), definir onde Bolsonaro e os demais militares condenados pela trama golpista vão cumprir suas penas. Eles podem ganhar o benefício da prisão domiciliar, serem mandados para uma unidade da Polícia Federal, o presídio da Papuda, em Brasília, ou uma unidade militar.
O Exército tem alojamentos para militares cumprirem penas em Brasília. São as chamadas salas de estado-maior. Destinadas originalmente para descanso de oficiais, estão longe de serem similares a celas de presídios comuns. Na capital, há 20 salas de estado-maior. A maioria fica no SMU.
Os alojamentos têm, além de camas, banheiro anexo, armário, mesa com cadeira, televisão e até frigobar. Nenhum conta com grades em janelas ou porta de ferro. Delas se vê áreas verdes do SMU, normalmente tomadas por pássaros. Em todo o país, são cerca de 600 organizações militares com um alojamento de estado-maior para receber oficiais.
Além de Bolsonaro, outros cinco militares que integravam o chamado "núcleo central" foram condenados pela Primeira Turma do STF na semana passada por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. Ao todo, há 31 réus na ação da trama golpista, que foram divididos em núcleos pela Procuradoria-Geral da República (PGR), sendo 21 militares.
A família do tenente-coronel Mauro Cid, o delator da trama golpista, ocupou por anos uma das melhores casas do SMU. Ele chegou a ficar preso no Batalhão da Polícia do Exército, dentro do SMU. Com a colaboração premiada, foi sentenciado a dois anos em liberdade. Ainda não se decidiu se continuará morando em Brasília ou se mudará com a família para os Estados Unidos.
Ele fica em uma região super valorizada do Plano Piloto, entre o Sudoeste e o Noroeste, setores habitacionais com prédios de alto padrão com seis pavimentos, onde o metro quadrado construído custa entre R$ 14 mil e R$ 16 mil. Mas, diferentemente destes, o SMU, onde prevalecem casas com amplos jardins e quintais, não tem congestionamentos ou poluição sonora.
O setor tem 635 casas, destinadas apenas a integrantes do Exército e familiares. Há ainda dois prédios de dois pavimentos com oito apartamentos cada, só para oficiais solteiros. As residências do SMU chegam a 210m² de área construída. Estão sempre bem cuidadas, graças à manutenção de militares de baixa patente.
O cenário é o mesmo nas quatro praças da vila, batizadas com nomes de personalidades nacionais: Ayrton Senna, Cora Coralina, Rubem Braga e Tom Jobim. Todas têm um coreto e muitos bancos. Os gramados estão sempre bem aparados. Não há buracos nas calçadas nem meios-fios quebrados. Muito menos pichações ou qualquer outro sinal de vandalismo.
As casas e outros prédios do Exército no SMU são mantidos por um batalhão de mais de 800 homens e mulheres da Prefeitura Militar de Brasília. O contingente é formado por arquitetos, engenheiros, pedreiros, pintores, marceneiros, bombeiros hidráulicos, entre outros profissionais, civis e militares. Todos pagos com recursos públicos.
Cerca de 3 mil pessoas moram no SMU. Elas têm uma qualidade de vida superior à maioria dos moradores do Plano Piloto. Diferentemente das casas das asas Sul e Norte, nenhuma residência do SMU é geminada. Todas, além das largas e muito bem conservadas calçadas na frente e do estacionamento coberto, têm jardins e quintais.
Para ocupar um desses imóveis funcionais, o militar paga um percentual do salário. Em média, R$ 500 mensais. O aluguel em residências parecidas das áreas nobres de Brasília não sai por menos de R$ 6 mil. Aos oficiais solteiros, são destinados apartamentos em dois edifícios residenciais em frente a um dos clubes do setor.
As residências do SMU são destinadas aos militares que servem no Quartel-General (QG) ou nos nove quartéis ao redor. Foi em frente ao QG que apoiadores de Bolsonaro montaram acampamento contra a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De lá saiu a maioria das pessoas que invadiu e depredou as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Generais moram em chácaras dentro de condomínio fechado
Perto do QG fica a Quadra Residencial de Generais (QRG), delimitada pelas principais avenidas do SMU: Avenida do Exército e Avenida Duque de Caxias. É uma área exclusiva, onde moram os generais de quatro estrelas e seus familiares. A única quadra residencial do SMU cercada.
Nas duas entradas da QRG há pórticos e guaritas, com soldados com fuzis em punho. Só entram pessoas autorizadas. As casas dos generais têm oito casas entre 697,00m² e 790,77m² de área construída. Algumas contam com piscina.
Em 2024, a QGR ganhou uma nova casa, que custou R$ 3,6 milhões. O imóvel tem sete quartos, sendo quatro suítes. A construção da nova residência teve seu contrato assinado em 28 de dezembro de 2022, nos últimos dias da gestão Jair Bolsonaro.
A QRG tem um clube privado com piscina. Também há áreas de lazer com parque infantil, pista de corrida, quadras esportivas, churrasqueiras e uma academia de ginástica, além de um lago decorativo com peixes. Tudo para uso exclusivo dos generais e seus familiares.
Para morar em tal lugar, os generais pagam menos de R$ 1 mil mensais - 6,5% de seu soldo, o salário básico, sem gratificações adicionais. Como todos os outros imóveis do SMU, as casas da QRG são da União, mas cabe às Forças Armadas estabelecer o valor dos aluguéis.
Em dezembro de 2022, apoiadores de Bolsonaro tentaram invadir a área, para pressionar os generais por uma intervenção militar que impediria a posse de Lula. Mas o reforço na segurança, com homens fortemente armados, impediu a invasão.
Clubes, hospitais, hotéis e clínicas privativos
Ao lado da QRG e em frente ao QG fica a Praça Cívica, mais conhecida como Praça dos Cristais, projetada pelo artista plástico Roberto Burle Marx. Ponto turístico de Brasília. "Nunca imaginei que haveria lugar tão bonito dentro de um setor militar", comentou a potiguar Maria de Fátima Oliveira, 52 anos, com a equipe de O TEMPO, durante visita ao lugar.
Já a maranhense Elaine Fonseca, 42, ficou maravilhada com as mulheres de militares fazendo ginásticas com personal trainer em uma das praças em meio à vila de casas. "É surreal a qualidade de vida dessas pessoas. Para ficar perfeito, só falta a praia. Mas vi que eles podem usufruir de clubes com grandes piscinas", comentou.
Das casas ocupadas por famílias de militares das mais diferentes patentes é possível ir a pé a clubes reservados a militares. São dois os clubes, além do restrito aos generais e familiares. Um destinado aos soldados, sargentos e familiares e outro para oficiais e seus parentes.
Ambos têm piscinas, campos de futebol, quadras poliesportivas, quadras de tênis e beach tênis, academias de ginástica, além de restaurantes e serviços com aulas de lutas e outras atividades esportivas. Há outros restaurantes em meio à vila.
Assim como os clubes, existem dois hotéis distintos, destinados a militares de diferentes patentes que desembarcam em Brasília para compromissos. Chamados de "hotel trânsito", na prática funcionam como qualquer hospedaria, com a diferença que seus hóspedes nada pagam ou pouco pagam pelos serviços - a depender do motivo da estadia.
Já para a saúde dos militares e parentes, o SMU tem um hospital moderno, com todas as especialidades, custeados com verbas públicas. Ao lado dele há clínicas. Os militares e seus familiares também podem recorrer ao Hospital da Forças Armadas (HFA), que fica a cerca de 1km. A Aeronáutica e a Marinha também têm seus próprios hospitais em Brasília.
Educação de graça e perto de casa
Não existem muros no SMU. Os quartéis são delimitados por cercas. Já as casas contam com apenas uma mureta na frente, com portões baixos. Um claro sinal da segurança é a presença de calçados e bicicletas na entrada das residências, muitas delas com as portas continuamente abertas.
Soldados da Polícia do Exército (PE) fazem rondas pelas quadras. Eles também organizam o trânsito nas avenidas, onde só há tráfego maior nos horários de início e fim de expediente nos quartéis, de segunda a sexta-feira. Neles trabalham cerca de 15 mil pessoas.
O SMU não é uma área de segurança nacional. Os acessos são restritos nos quartéis. Mas todas as vias, praças e quadras residenciais do setor são públicas, por isso a iluminação, o esgoto, a água e a pavimentação desses espaços ficam a cargo do Governo do Distrito Federal.
Ou seja, os serviços básicos são custeados por todos os moradores de Brasília. Já todos os outros serviços no SMU são pagos por todos os contribuintes brasileiros, já que os militares e seus equipamentos são pagos pela União.
O mesmo ocorre com a Escola Classe dentro do SMU, perto das casas, onde os filhos dos militares podem estudar e fazer refeições gratuitamente. O setor ainda tem a creche Soldadinho de Chumbo, também destinada a filhos de militares.
Teoricamente, qualquer um pode transitar pela vila e usufruir dos espaços públicos, como as quadras de esportes. Mas pessoas estranhas aos militares estão sujeitas à abordagem dos soldados da PE. Em algumas ruas foram colocados cones, e só passa quem se identifica e é autorizado.
Além do SMU, os militares que trabalham em Brasília podem morar em apartamentos nas quadras das asas Sul e Norte, também pagando bem abaixo dos valores de mercado. Generais de Divisão e de Brigada, por exemplo, têm à disposição apartamentos na Asa Norte e casa no Lago Sul, o mais nobre bairro da capital.
Alojamentos para oficiais condenados têm TV e frigobar
Cabe ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), definir onde Bolsonaro e os demais militares condenados pela trama golpista vão cumprir suas penas. Eles podem ganhar o benefício da prisão domiciliar, serem mandados para uma unidade da Polícia Federal, o presídio da Papuda, em Brasília, ou uma unidade militar.
O Exército tem alojamentos para militares cumprirem penas em Brasília. São as chamadas salas de estado-maior. Destinadas originalmente para descanso de oficiais, estão longe de serem similares a celas de presídios comuns. Na capital, há 20 salas de estado-maior. A maioria fica no SMU.
Os alojamentos têm, além de camas, banheiro anexo, armário, mesa com cadeira, televisão e até frigobar. Nenhum conta com grades em janelas ou porta de ferro. Delas se vê áreas verdes do SMU, normalmente tomadas por pássaros. Em todo o país, são cerca de 600 organizações militares com um alojamento de estado-maior para receber oficiais.
Além de Bolsonaro, outros cinco militares que integravam o chamado "núcleo central" foram condenados pela Primeira Turma do STF na semana passada por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. Ao todo, há 31 réus na ação da trama golpista, que foram divididos em núcleos pela Procuradoria-Geral da República (PGR), sendo 21 militares.
A família do tenente-coronel Mauro Cid, o delator da trama golpista, ocupou por anos uma das melhores casas do SMU. Ele chegou a ficar preso no Batalhão da Polícia do Exército, dentro do SMU. Com a colaboração premiada, foi sentenciado a dois anos em liberdade. Ainda não se decidiu se continuará morando em Brasília ou se mudará com a família para os Estados Unidos.