Angra dos Reis - Foram três dias de movimentação que mudaram a rotina da população em Angra do Reis, na costa verde. Militares e civis realizaram hoje(2), o segundo dia das atividades práticas e conclusivas do Exercício Geral do Plano de Emergência das usinas nucleares do complexo em Itaorna. Nos acessos de entrada e saída da cidade pela rodovia Rio-Santos, o Exército Brasileiro bloqueou a rodovia e em bairros da cidade, autoridades civis e militares, davam prosseguimento as etapas do simulado, que envolveu a evacuação de moradores.
A retirada da população começou a partir do bairro Guariba, onde após um novo aviso através de sirenes e do sistema CellBroadcast um ônibus levou os voluntários que estavam reunidos no ponto de embarque para evacuação até o Ciep João Gregório Galindo, no bairro Areal. Na escola, foram montados o ponto de apoio na quadra e o espaço de abrigamento nas salas de aula. Os evacuados recebiam atendimento inicial de saúde e assistência social e, quando precisavam permanecer por mais de 24h, eram direcionados para o abrigamento temporário, com identificação por pulseiras.
No posto de saúde do Parque Mambucaba, dois voluntários jovens de 19 e 20 anos simularam sintomas diversos após receberem o aviso de evacuação pelo celular. Um estava com vômito e o outro com falta de ar. Eles foram estabilizados no local, enquanto aguardavam a equipe de proteção radiológica. O caso foi comunicado ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), que orientou os procedimentos de atendimento necessários.
À tarde, no Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN), uma coletiva de imprensa simulada com os porta-vozes das instituições encerrou as atividades do terceiro dia e marcou a conclusão desta edição do Exercício Geral de Emergência Nuclear, que ocorrem a cada dois anos.
O comandante Alex Urbancg, diretor de Assuntos Nucleares do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), destacou que a iniciativa reforça a segurança da população, dos animais e do meio ambiente, além de atender as recomendações internacionais.
- Estou muito feliz pela participação de todos os órgãos reguladores e operadores, que demonstraram grande entusiasmo ao longo do exercício. Tenho certeza de que a população está muito mais protegida após o treinamento de hoje - afirmou.
Na parte da manhã, as atividades foram iniciadas com a reativação dos centros de inteligência e o transporte de dois geradores móveis do Morro do Urubu para a usina Angra 2. Ambos passaram pela Rio-Santos, um puxado por um trator e outro por um caminhão, o que demandou paralisação da pista, mas sem gerar transtornos ao tráfego. Os equipamentos, parte do chamado "Projeto Fukushima", foram acoplados à usina, e o exercício seguiu para atividades que tivessem impacto direto no cotidiano da população local.
Na Praia Vermelha, funcionou o posto de triagem e descontaminação de possíveis atingidos. Quatro pessoas passaram pelo local: três foram liberadas após não apresentarem contaminação e uma precisou ser submetida ao processo completo de retirada de roupas, descontaminação em tenda e nova avaliação antes de seguir para o ponto de encontro.
Ao mesmo tempo equipes realizavam a coleta de amostras de água e areia, posteriormente enviadas para análise em laboratório. A operação mobilizou o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, a Marinha do Brasil, fuzileiros navais, cães farejadores, técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e a Defesa Civil Municipal.
Ativação dos centros de coordenação e controle
No primeiro dia da parte prática do Exercício Geral Integrado de Resposta à Emergência e Segurança Física Nuclear, nessa quarta-feira, (1º), os centros de comando de Angra dos Reis foram ativados, com a realização dos primeiros testes práticos do simulado. Entraram em operação o Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN) e o Centro de Informações de Emergência Nuclear (CIEN), além de núcleos específicos da Defesa Civil e da Eletronuclear.
Participaram desta atividade representantes da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Eletronuclear, Ministério da Defesa, Abin, Ibama, Polícia Civil, Polícia Federal, Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, concessionária responsável pela BR-101 (Rio-Santos) e Defesa Civil dos municípios de Angra dos Reis e Paraty, além de órgãos locais como a Prefeitura de Angra e empresas de transporte coletivo da região.
Na parte da tarde, por volta das 14h40, foi realizado os primeiros disparos das sirenes do Sistema de Alerta à População. Uma das novidades foi o primeiro teste do envio de mensagens pelo aplicativo CellBroadcast, acionado pela Defesa Civil Municipal de Angra dos Reis. O recurso permite encaminhar alertas diretamente aos celulares das pessoas que estejam em áreas próximas à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA).
O chefe da Assessoria de Planejamento de Emergência da Eletronuclear, Francisco Vilhena, enfatizou a importância das ações desta quinta-feira, que teve papel fundamental no simulado, "entre elas o transporte dos equipamentos pós-Fukushima pela Rio-Santos, com uma interface muito grande com o Plano de Emergência Externo, porque depende de ações conjuntas para que tudo ocorra corretamente e no tempo desejado", explicou.