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Dólar fecha em alta com MP de aumento de impostos em foco; Bolsa tem forte queda
Geral 08/10/2025 01:54 Fonte: Notícias ao Minuto Brasil Por: Notícias ao Minuto Brasil Relevância: 20

Dólar fecha em alta com MP de aumento de impostos em foco; Bolsa tem forte queda

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar fechou em alta de 0,75%, cotado a R$ 5,350, nesta terça-feira (7), com investidores atentos à votação da MP 1.303 no Congresso, que define medidas de compensação para o recuo na cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

A movimentação acompanhou o cenário internacional, com o índice DXY -que mede o desempenho da divisa americana ante outras moedas- registrando alta de 0,52%.

A Bolsa, por outro lado, teve forte queda de 1,56%, a 141.356 pontos, com as ações da MRV liderando as perdas do pregão após a geração de caixa do 3º trimestre frustrar analistas.

Durante o dia, o mercado também repercutiu a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre tarifa zero no transporte público.

O mercado doméstico acompanhou às negociações envolvendo a MP 1.303. A votação na comissão, que estava prevista para a manhã desta terça-feira (7), foi adiada para a tarde.

A MP perde validade nesta quarta-feira (8) e precisa ser aprovada na comissão especial mista, no plenário da Câmara e no plenário do Senado.

Segundo o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), não há acordo para a votação da MP e o governo teme que a proposta perca validade e, com isso, se perca a previsão de arrecadação de R$ 35 bilhões até 2027.

Mais cedo, o relator da MP (Medida Provisória), o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) tirou da proposta o aumento de imposto sobre bets (casas de apostas).

Em entrevista no programa Bom Dia, Ministro, no Canal Gov, pela manhã, Fernando Haddad disse não acreditar que a medida provisória perderá validade. "Eu acredito que a negociação está indo bem", afirmou.

Segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o mercado financeiro apresentou volatilidade com a incerteza envolvendo a MP. "[Os principais motivos] são a questão fiscal e a votação da MP 1.303. O governo prevê perda de arrecadação e teria que compensar com a medida provisória, porém o aumento de cobranças está gerando desconforto", diz.

Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o governo terá que aceitar concessões para aprovar a medida, e deve arrecadar menos do que esperava. "A arrecadação menor trará mais dificuldades para o governo se manter dentro do arcabouço, e isso piora a perspectiva fiscal brasileira".

Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, diz que o cenário é de cautela diante das discussões fiscais ainda incertas. "Isto elevou a percepção de risco e penalizou os ativos locais -com queda na Bolsa, alta nos juros e valorização do dólar frente ao real".

A MP foi publicada pelo governo Lula (PT) para compensar um recuo do Executivo na tentativa de aumentar o IOF. A previsão é de que a medida gere uma arrecadação para 2026 de R$ 17 bilhões, caso aprovada.

Os investidores também estiveram receosos com o debate envolvendo a tarifa zero de ônibus. Em entrevista nesta manhã, Haddad afirmou que a proposta deve integrar a campanha de reeleição do presidente Lula em 2026.

Segundo Haddad, um estudo técnico sobre a viabilidade da medida está em andamento. "Nós estamos fazendo, neste momento, uma radiografia do setor a pedido do presidente Lula. Ele sabe que esse tema é importante para os trabalhadores, para o meio ambiente e para a mobilidade urbana", disse Haddad.

Para Mattos, da StoneX, o fato de o Ministério da Fazenda estudar a proposta aumentou a percepção de risco no mercado. "Há um temor de que o governo federal tente expandir gastos públicos antes das eleições de 2026, o que também poderia prejudicar a sustentabilidade da dívida nacional", afirma.

Também nesta manhã, Haddad afirmou que espera se reunir com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nesta semana. O ministro vai a Washington participar de reuniões do G20, do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

"Pode ser que nós encontremos espaço para uma nova conversa com Scott Bessent", afirmou durante entrevista ao Canal Gov. "Devo fazer até o final da semana um movimento para saber da disponibilidade, do interesse."

Na segunda-feira (6), os presidentes Lula e Donald Trump conversaram por telefone sobre economia e comércio.

Trump classificou o diálogo como "muito bom", em postagem na rede Truth Social. "Teremos mais conversas e nos encontraremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Gostei muito da ligação. Nossos países irão prosperar juntos!", escreveu.

Ambos líderes concordaram em realizar uma reunião presencial em breve, e Lula sugeriu a cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), no fim de outubro na Malásia, como uma opção. Lula também se colocou à disposição para viajar aos Estados Unidos.

No cenário internacional, o shutdown do governo americano continuou no radar dos investidores. Congressistas não resolveram um impasse sobre o orçamento federal americano e, desde a última quarta-feira (1º), agências federais dos EUA estão paralisadas.

"O dólar tem ganhado força pela percepção de risco. A paralisação tem gerado instabilidade e levado investidores a buscarem ativos mais seguros, como dólar e treasury", diz Cristiane, economista-chefe do Ouribank.

O mercado estima que o shutdown pode impactar o ciclo de cortes de juros nos EUA. Com a paralisação, a divulgação de novos dados oficiais está suspensa. O relatório de emprego "payroll", por exemplo, estava previsto para sexta-feira passada e foi adiado indefinidamente.

À medida que a reunião de política monetária no final do mês se aproxima, marcada para os próximos dias 28 e 29, as autoridades do Fed continuam sem acesso às estatísticas essenciais para tomar uma decisão.

Na última reunião do banco central, em setembro, que reduziu a taxa dos EUA pela primeira vez no ano, a maioria das autoridades do banco central americano previu cortes de 0,25 ponto percentual nas reuniões deste mês e de dezembro.

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