BRASÍLIA - Cumprindo suas últimas agendas como ministro do Turismo, Celso Sabino prometeu fidelidade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a entrega de obras em Belém, no Pará, seu reduto eleitoral, nesta quinta-feira (2/10). Há seis dias, Sabino, deputado do União Brasil, pediu demissão da Esplanada dos Ministérios por pressão do partido.
A sigla rompeu com o governo Lula (PT) e obrigou que todos os seus filiados entregassem seus cargos. Sabino até entregou a carta de demissão na última sexta-feira (26/9), mas seguiu como ministro para a entrega de obras no Pará. A viagem ao Estado que sediará a COP-30 com Lula e sua comitiva de ministros será o último ato de Sabino à frente do Ministério do Turismo.
Em agenda nesta quinta-feira, em Belém, ele deu um recado sobre sua demissão e disse que o presidente poderá contar com ele apesar da ausência no ministério.
"[Presidente], o que nós fizemos juntos no Turismo nunca será esquecido. Fico feliz e honrado de estar aqui e poder dizer: nada, nem um partido político, nem um cargo, nem uma ambição pessoal vão me afastar desse povo que eu amo e do Estado do Pará'", afirmou.
"Conte comigo onde quer que eu esteja para lhe apoiar e segurar sua mão. Reconheço e sei tudo o que o senhor fez pelo Brasil e pelo Pará", acrescentou Sabino. O ministro abandona o cargo contrariado.
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP-30, em novembro era uma das prioridades de Celso Sabino enquanto ministro do Turismo, e também como deputado federal eleito pelo Pará.
Com planos de ser candidato ao Senado em 2026, ele tinha o ministério como um trunfo para se cacifar na disputa eleitoral.
Sabino sai do Turismo por pressão do União Brasil
O ministro do Turismo decidiu deixar o governo após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na sexta-feira (26/9), no Palácio da Alvorada. Sabino disse que entregou a carta de demissão ao presidente.
A decisão foi tomada após seu partido, o União Brasil, ter ordenado no dia 18 de setembro que todos os filiados que ocupassem cargos no governo Lula deixassem seus postos em até 24 horas, antecipando o prazo inicial, que seria até o fim de setembro.
A nova determinação do União Brasil acontece após o presidente do partido, Antônio Rueda, ter sido citado na investigação da Polícia Federal (PF) sobre a atuação do PCC em operações bilionárias no mercado financeiro e no setor de combustíveis. Ele é suspeito de ser o proprietário oculto de aviões particulares usados por membros da facção criminosa, segundo depoimento do piloto de um dos jatos.
Na nota divulgada na quinta-feira, o partido manifestou solidariedade ao seu presidente e disse que "causa profunda estranheza que essas inverdades venham a público justamente poucos dias após a determinação oficial de afastamento de filiados do União Brasil de cargos ocupados no Governo Federal". O partido acusa o governo de uso político da PF visando desgastar a imagem de Rueda.
Celso Sabino assumiu o Ministério do Turismo em agosto de 2023, no lugar de Daniela Carneiro, e foi uma indicação da bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados. Com a saída do governo, ele vai retomar seu mandato de deputado federal.
Nas últimas semanas, Sabino tentou articular junto a lideranças do partido para permanecer na Esplanada dos Ministérios. Ele também chegou a avaliar uma mudança de partido.