Pular para o conteúdo principal
CPI do INSS: empresário diz que não é laranja de Nelson Williams e nega ter escondido carros de luxo
Radio 06/10/2025 22:54 Fonte: O TEMPO Por: O TEMPO Relevância: 15

CPI do INSS: empresário diz que não é laranja de Nelson Williams e nega ter escondido carros de luxo

BRASÍLIA - Investigado pela Polícia Federal (PF) no inquérito sobre as fraudes no INSS, o empresário Fernando Cavalcanti negou ter escondido carros de luxo em um shopping de Brasília para impedir a apreensão dos veículos -- entre eles uma Ferrari de R$ 4 milhões. Ele era sócio do advogado Nelson Williams, também investigado no rol dos roubos nas aposentadorias e pensões.
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, Cavalcanti explicitou ter trabalhado no escritório de Williams e ocupado o cargo de vice-presidente na empresa. Ele negou as suspeitas da PF de que é laranja de Nelson Williams. "A investigação não me atribui a fraudes no INSS. A menção a meu nome no inquérito refere-se exclusivamente à ocultação de veículos de luxo, que não procede", afirmou nesta segunda-feira (6/10).
"E ao fato de eu ser um possível laranja, ora do dr. Nelson Williams, ora do senhor Antonio Camilo, pessoa que nunca vi na vida", completou. Antonio Carlos Camilo Antunes é o Careca do INSS, apontado como o principal operador das fraudes contra os benefícios. Cavalcanti se disse proprietário dos carros recolhidos pela Polícia Federal em um shopping de Brasília e em endereços ligados a ele em São Paulo.
A investigação apura se esses veículos pertencem realmente a Cavalcanti. A suspeita é que eles pertençam, na realidade, a Nelson Williams. A PF entendeu que os veículos podem ser fruto de crime e acusa Cavalcanti de tê-los escondido para impedir que eles fossem apreendidos em operação realizada em abril.
Foram recolhidos uma Ferrari, automóveis Mercedes, uma réplica de carro de Fórmula 1 e outros itens de luxo, entre relógios e vinhos avaliados em R$ 7 milhões. Há suspeita, ainda, de que os artigos seriam usados para lavar dinheiro. No período em que trabalhou com Nelson Williams, Cavalcanti era o administrador do escritório.
"Fui mencionado por suposta ocultação de veículos de luxo, e quero deixar claro que não houve ocultação ou má-fé. Os veículos são da minha empresa, estão todos declarados e foram adquiridos de forma lícita. Alguns estão ainda, inclusive, financiados, como é o caso da tão falada Ferrari, que eu só termino de pagar no final de 2027", justificou Cavalcanti. Ele disse ainda que, se quisesse esconder seus carros, não o faria em um shopping.
A Polícia Federal chegou a Cavalcanti e a Nelson Williams pela relação entre o advogado e Maurício Camisotti, suspeito de administrar empresas ligadas à fraude no INSS. À CPI, Cavalcanti disse que Williams contraía empréstimos para o escritório com Camisotti. Ele repassou os registros desses empréstimos à comissão; entre eles consta um que seria quitado mediante o pagamento de 60 parcelas de R$ 1,88 milhão.
Cavalcanti também admitiu transações entre ele e Camisotti. Apesar de ter dito que não se lembrava, ele afirmou que uma transação de R$ 200 mil consta em uma petição instaurada no Supremo Tribunal Federal (STF). Recorrendo às vultuosas transações financeiras em suas contas, Cavalcanti disse que "é impossível lembrar de tudo que foi feito".
Doações para campanhas, presentes para políticos e jantares
As relações Fernando Cavalcanti com figuras políticas e o alto empresariado de Brasília também vieram à tona durante a reunião da CPI. O relator, deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), apresentou uma lista de doações feitas por Cavalcanti para campanhas eleitorais em São Paulo e Curitiba. Os valores variam entre R$ 10 mil e R$ 200 mil.
A cifra mais alta foi paga para a campanha de Maria Victoria Borghetti Barros (PP-PR), eleita deputada estadual. Cavalcanti admitiu que quem pediu a doação foi o pai dela, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde do governo Michel Temer. O empresário também doou para campanha de Luiz Fernando, que concorreu à prefeitura de São Bernardo do Campo, em São Paulo, pelo PT. As doações foram pagas ainda para Sanda Santana (MDB), Rodrigo Goulart (PSD) e Roberto Monteiro (União Brasil), vereadores em São Paulo.
Cavalcanti justificou as doações feitas e negou relação com partidos políticos. "Meu critério (para doar) é: chegou alguém, trata de um projeto, pediu? Se eu quiser dar, dou. Democracia, né? Mas, tudo por dentro", afirmou ao relator. O empresário também respondeu sobre o fusca de R$ 70 mil dado por ele ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Cavalcanti disse que os dois são amigos e que o presente foi entregue por ocasião do aniversário de Ibaneis. "É um amigo, uma pessoa que tem minha total deferência. Tenho tranquilidade e prazer em ter dado esse fusca para ele. Estava chegando o aniversário dele e eu não sabia com o quê presentear", declarou. Ele também confirmou as relações de amizade com o empresário Paulo Octávio, que teria pedido a ele o empréstimo de sua casa para sediar um jantar pelo aniversário do PSD.
Depois de responder às perguntas feitas pelo relator, Cavalcanti recorreu ao habeas corpus concedido a ele pelo STF e se negou a responder as outras questões levantadas pelos membros da comissão. "A partir desse momento permanecerei calado. Tudo o que eu tinha para falar na Polícia Federal, no Supremo Tribunal Federal e aqui já foi exaurido", encerrou.

Selecione uma estação

-