
Geral
14/09/2025 19:18
Fonte: agazeta.com.br
Por: agazeta.com.br
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Bolsonaro deixa legado de uma ala radicalizada e outra que sobrevive à sua sombra
BRASÍLIA - Quase três anos separam o momento em que Jair Bolsonaro (PL) teve 58 milhões votos na eleição presidencial de 2022 e a sua condenação a 27 anos de prisão por liderar a trama golpista.>
Na época da derrota, aliados tentaram convencê-lo a aceitar o resultado e se tornar o líder da oposição no país. Mas ele decidiu viajar para os Estados Unidos e só retornou três meses depois, quando começou a responder a processos na Justiça e buscou, por fim, incorporar o papel de liderança da direita.>
Agora, condenado e já em prisão domiciliar, Bolsonaro deixa como legado uma direita fragmentada, com a ascensão de uma ala mais radicalizada e outra que busca sobreviver à sua sombra.>
O ex-mandatário saiu de casa para fazer exames num hospital com forte esquema de segurança neste domingo (14), três dias depois de ser sentenciado a 27 anos de prisão por liderar a trama golpista.>
Ele já estava inelegível até 2030, por condenações pela Justiça Eleitoral, mas a nova punição pode deixá-lo de fora das eleições até 2062 -quando teria 107 anos de idade. Apesar disso, o ex-presidente se recusa a passar o bastão, na tentativa de manter seu capital político.>
A falta de definição faz seu espólio eleitoral ser disputado por ao menos quatro governadores de direita e por integrantes da sua própria família, com o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) chamando os governadores de ratos oportunistas e mensagens do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticando Tarcísio de Freitas (Republicanos).>
A condenação aumenta as incertezas sobre o bolsonarismo. Uma ala mais pragmática quer manter alianças do PL com o centrão, é menos ideológica com pautas ditas conservadoras e calcula os passos para aumentar as chances de derrotar o petismo no próximo ano.>
O outro grupo rechaça acordos políticos, defende sanções a autoridades brasileiras, é radicalmente crítico ao Judiciário e diz que o Brasil é uma ditadura.>
Os integrantes dessa segunda ala, hoje capitaneada por Eduardo nos Estados Unidos, tem atuação vista por alguns como mais combativa e radical que a do próprio ex-presidente. O deputado tem uma leitura de cenário distinta da dele e é mais avesso às composições políticas.>
Isso ficou evidenciado nas mensagens reveladas pelo relatório da PF (Polícia Federal) que levou ao indiciamento dos dois, em agosto. O parlamentar discorda das avaliações do pai e defende, entre outras coisas, intensificar as críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal).>
Em determinado momento, Bolsonaro diz: "Esqueça qualquer crítica ao Gilmar [Mendes, ministro do STF]. Tenho conversado com alguns do STF. Todos ou quase todos demonstram preocupação com as sanções".>
Há parlamentares em Brasília e nos estados que têm um alinhamento ao filho do ex-presidente e hoje, nos corredores, são chamados de "eduardistas". Ainda que ele não tenha previsão de voltar ao Brasil, por medo de ser preso, já demonstrou interesse de ser o sucessor do pai à Presidência e até falou em sair do PL e se filiar a outro partido com esse objetivo.>
Enquanto no Brasil o ex-presidente e uma parte de seus aliados buscaram se distanciar do tarifaço de Trump, atribuindo a medida à política externa de Lula, Eduardo defendeu que o presidente americano está preocupado com a situação de Bolsonaro e do STF, e que as coisas só mudarão com a aprovação de uma anistia.>
Foi um momento de inflexão no bolsonarismo neste ano. Levou à abertura de inquérito e posterior indiciamento de Eduardo e do pai. Eles foram proibidos de se falar, e o ex-presidente acabou com tornozeleira eletrônica, o que iniciou seu afastamento da política, em 18 de julho.>
Esses aliados e apoiadores do ex-presidente falam dos movimentos da ala favorável a encontrar um sucessor como uma traição a Bolsonaro. Eles também defendem que ele deve seguir até o último momento como candidato.>
Em outra frente, a ala pragmática próxima a Bolsonaro busca criar uma frente ampla de direita para enfrentar Lula, mas sem desgarrar do ex-presidente. O principal nome é o de Tarcísio.>
Espremido entre as críticas de alas mais radicais e pressionado a manter postura mais moderada, o governador tem buscado se equilibrar entre a incerteza se continuará candidato à reeleição em São Paulo ou se disputará a Presidência no próximo ano.>
A condição indispensável para concorrer ao Planalto é um apoio declarado do ex-presidente -algo que uma ala do seu entorno diz que já ocorreu, mas outra diz acreditar numa postura mais errática de Bolsonaro, como já aconteceu em outros momentos.>
Esses interlocutores do governador também defendem pautas caras ao bolsonarismo, como a anistia ao ex-presidente e condenados nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 -mas preferem um projeto que não seja tão amplo, que não dê a ele de volta seus direitos políticos.>
Esse grupo mais pragmático quer trazer o bolsonarismo mais para o centro, como uma estratégia eleitoral -acreditam que será a forma de expandir votos- e de sobrevivência. A consequência da radicalização de Bolsonaro, afirmam, levou-o à condenação de 27 anos e três meses pela corte.>
Ao contrário da ala mais radical do bolsonarismo, eles defendem diálogo com ministros do Supremo, numa tentativa de apaziguar a relação ou mesmo buscar acordos -ainda que não fique claro com quem ou que tipo de acordo.>
Tanto para os mais radicais quanto para os mais pragmáticos, há um consenso de que nenhum dos dois grupos pode romper com o ex-presidente. Eles rivalizam pelo protagonismo político e eleitoral no campo, mas sem abandonar Bolsonaro.>
Na época da derrota, aliados tentaram convencê-lo a aceitar o resultado e se tornar o líder da oposição no país. Mas ele decidiu viajar para os Estados Unidos e só retornou três meses depois, quando começou a responder a processos na Justiça e buscou, por fim, incorporar o papel de liderança da direita.>
Agora, condenado e já em prisão domiciliar, Bolsonaro deixa como legado uma direita fragmentada, com a ascensão de uma ala mais radicalizada e outra que busca sobreviver à sua sombra.>
O ex-mandatário saiu de casa para fazer exames num hospital com forte esquema de segurança neste domingo (14), três dias depois de ser sentenciado a 27 anos de prisão por liderar a trama golpista.>
Ele já estava inelegível até 2030, por condenações pela Justiça Eleitoral, mas a nova punição pode deixá-lo de fora das eleições até 2062 -quando teria 107 anos de idade. Apesar disso, o ex-presidente se recusa a passar o bastão, na tentativa de manter seu capital político.>
A falta de definição faz seu espólio eleitoral ser disputado por ao menos quatro governadores de direita e por integrantes da sua própria família, com o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) chamando os governadores de ratos oportunistas e mensagens do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticando Tarcísio de Freitas (Republicanos).>
A condenação aumenta as incertezas sobre o bolsonarismo. Uma ala mais pragmática quer manter alianças do PL com o centrão, é menos ideológica com pautas ditas conservadoras e calcula os passos para aumentar as chances de derrotar o petismo no próximo ano.>
O outro grupo rechaça acordos políticos, defende sanções a autoridades brasileiras, é radicalmente crítico ao Judiciário e diz que o Brasil é uma ditadura.>
Os integrantes dessa segunda ala, hoje capitaneada por Eduardo nos Estados Unidos, tem atuação vista por alguns como mais combativa e radical que a do próprio ex-presidente. O deputado tem uma leitura de cenário distinta da dele e é mais avesso às composições políticas.>
Isso ficou evidenciado nas mensagens reveladas pelo relatório da PF (Polícia Federal) que levou ao indiciamento dos dois, em agosto. O parlamentar discorda das avaliações do pai e defende, entre outras coisas, intensificar as críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal).>
Em determinado momento, Bolsonaro diz: "Esqueça qualquer crítica ao Gilmar [Mendes, ministro do STF]. Tenho conversado com alguns do STF. Todos ou quase todos demonstram preocupação com as sanções".>
Há parlamentares em Brasília e nos estados que têm um alinhamento ao filho do ex-presidente e hoje, nos corredores, são chamados de "eduardistas". Ainda que ele não tenha previsão de voltar ao Brasil, por medo de ser preso, já demonstrou interesse de ser o sucessor do pai à Presidência e até falou em sair do PL e se filiar a outro partido com esse objetivo.>
Enquanto no Brasil o ex-presidente e uma parte de seus aliados buscaram se distanciar do tarifaço de Trump, atribuindo a medida à política externa de Lula, Eduardo defendeu que o presidente americano está preocupado com a situação de Bolsonaro e do STF, e que as coisas só mudarão com a aprovação de uma anistia.>
Foi um momento de inflexão no bolsonarismo neste ano. Levou à abertura de inquérito e posterior indiciamento de Eduardo e do pai. Eles foram proibidos de se falar, e o ex-presidente acabou com tornozeleira eletrônica, o que iniciou seu afastamento da política, em 18 de julho.>
Esses aliados e apoiadores do ex-presidente falam dos movimentos da ala favorável a encontrar um sucessor como uma traição a Bolsonaro. Eles também defendem que ele deve seguir até o último momento como candidato.>
Em outra frente, a ala pragmática próxima a Bolsonaro busca criar uma frente ampla de direita para enfrentar Lula, mas sem desgarrar do ex-presidente. O principal nome é o de Tarcísio.>
Espremido entre as críticas de alas mais radicais e pressionado a manter postura mais moderada, o governador tem buscado se equilibrar entre a incerteza se continuará candidato à reeleição em São Paulo ou se disputará a Presidência no próximo ano.>
A condição indispensável para concorrer ao Planalto é um apoio declarado do ex-presidente -algo que uma ala do seu entorno diz que já ocorreu, mas outra diz acreditar numa postura mais errática de Bolsonaro, como já aconteceu em outros momentos.>
Esses interlocutores do governador também defendem pautas caras ao bolsonarismo, como a anistia ao ex-presidente e condenados nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 -mas preferem um projeto que não seja tão amplo, que não dê a ele de volta seus direitos políticos.>
Esse grupo mais pragmático quer trazer o bolsonarismo mais para o centro, como uma estratégia eleitoral -acreditam que será a forma de expandir votos- e de sobrevivência. A consequência da radicalização de Bolsonaro, afirmam, levou-o à condenação de 27 anos e três meses pela corte.>
Ao contrário da ala mais radical do bolsonarismo, eles defendem diálogo com ministros do Supremo, numa tentativa de apaziguar a relação ou mesmo buscar acordos -ainda que não fique claro com quem ou que tipo de acordo.>
Tanto para os mais radicais quanto para os mais pragmáticos, há um consenso de que nenhum dos dois grupos pode romper com o ex-presidente. Eles rivalizam pelo protagonismo político e eleitoral no campo, mas sem abandonar Bolsonaro.>