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Atraso de governo Tarcísio leva Ministério da Saúde a segurar balanço de intoxicações por metanol
Geral 07/10/2025 01:18 Fonte: O TEMPO Por: O TEMPO Relevância: 15

Atraso de governo Tarcísio leva Ministério da Saúde a segurar balanço de intoxicações por metanol

BRASÍLIA - O atraso do estado de São Paulo em atualizar os dados de intoxicação por metanol levou o Ministério da Saúde a adiar, por algumas horas, nesta segunda-feira (6/10), a divulgação do número consolidado no Brasil. Em meio às especulações de uma candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2026, o ministro Alexandre de Padilha afastou a hipótese de contornos políticos na decisão, mas fez críticas veladas a Tarcísio em coletiva de imprensa.
Até esta segunda, o Ministério da Saúde divulgava diariamente o consolidado de intoxicação por metanol às 17h, uma hora após o prazo dado aos estados para enviar os dados locais ao Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs). Em razão do atraso do governo Tarcísio, a pasta divulgou o balanço nesta segunda apenas às 19h36, duas horas e meia depois do horário rotineiro.
Logo ao abrir a coletiva na sede do Ministério da Saúde, Padilha ressaltou que não divulgaria o consolidado porque São Paulo não havia enviado os dados locais de intoxicação por metanol até às 16h. "Então, nós estamos optando por aguardar a divulgação dos dados nacionais às 19h. Chegando ou não os dados de São Paulo, nós vamos fazer a divulgação do que tem de consolidado nacional às 19h" afirmou.
Ao ser questionado se havia uma razão para o atraso, o ministro sugeriu que poderia ser o volume de registros por intoxicações de metanol no estado, onde, disse, há uma "concentração brutal". "Dos 16 casos até agora confirmados, 14 são em São Paulo e dois são no Paraná, que faz divisa com São Paulo. Ainda tem 178 casos suspeitos - não confirmados ou descartados. Então, é possível que seja pelo volume de dados", respondeu.
Padilha ainda evitou comentar a declaração dada por Tarcísio mais cedo, quando o governador afirmou que começaria a se preocupar com a adulteração de bebidas se chegasse à Coca-Cola. "No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, vou me preocupar. Ainda bem que não chegaram a esse ponto", brincou o ex-ministro, em coletiva à imprensa após uma reunião do gabinete de crise instalado para monitorar intoxicações por metanol no estado.
Apesar de ter se esquivado, o ministro da Saúde alfinetou Tarcísio. "O Ministério da Saúde preza pela vida", respondeu. "Na área da saúde, a gente sempre age, não espera nada tomar grandes proporções nem busca minimizar qualquer problema de saúde. A gente age a partir da primeira identificação de situação anormal, como foi identificado", frisou Padilha, acrescentando que "cada vida vale", em referência velada ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Mais tarde, questionado se enxergava contornos políticos no atraso de São Paulo, o ministro refutou. "Tenho tido uma relação sintonizada, alinhada, um trabalho de cooperação de forma permanente. Desde o começo, quando o Ministério da Saúde percebeu essa situação anormal em São Paulo, há uma ação alinhada com a Secretaria de Estado de Saúde, que é o que nos cabe enquanto Ministério da Saúde. Não acompanho as outras ações", pontuou.
O TEMPO Brasília questionou ao governo Tarcísio o porquê do atraso e aguarda retorno. O espaço segue aberto. Dos 217 registros de intoxicações por metanol divulgados no consolidado desta segunda, 82,49% são em São Paulo. O estado concentra 15 dos 17 casos já confirmados e 164 dos 200 ainda sob investigação. As duas mortes até agora confirmadas e seis das 12 suspeitas por contaminação pela substância tóxica também ocorreram em São Paulo.
Após comunicar o atraso de São Paulo, Padilha anunciou que o Ministério da Saúde colocará a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) à disposição do governo Tarcísio para aumentar a capacidade de exames laboratoriais diários para confirmar ou descartar as suspeitas. De acordo com o ministro, a Fiocruz irá se estruturar até o fim desta semana para informar quantos testes por dia poderá absorver.
O desencontro entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governo Tarcísio não é o primeiro desde os primeiros registros de intoxicações por metanol. Após a Polícia Federal (PF) abrir uma investigação para apurar a atuação de uma eventual rede de distribuição da substância tóxica a pedido do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o governador descartou o envolvimento de organizações criminosas na adulteração de destilados.

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