Análise: Brasil precisa ser solução para problemas bolivianos para conter influência dos EUA

As eleições presidenciais da Bolívia deste ano marcam o fim de duas décadas do Movimento ao Socialismo (MAS) no poder. Favorito na disputa, Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), vem afirmando que, caso eleito, vai promover a aproximação da Bolívia com os EUA, com foco em uma parceria no setor de petróleo e gás.

À Sputnik Brasil, o professor Corival Alves do Carmo afirma que "evidentemente há um aspecto ideológico na proposta de [...] aproximação com os EUA", inclusive considerando a pressão do governo de Washington sobre os países não alinhados.

Entretanto, ele aponta que há uma questão mais estrutural: a produção e o mercado boliviano de gás encolheram, assim como as demandas brasileira e argentina.

"Quanto maiores os vínculos comerciais entre o Brasil e a Bolívia, mais difícil fica o rompimento da Bolívia com o projeto integracionista e com o Brasil. [...] O Brasil precisa ser uma solução para os problemas bolivianos para conter a influência norte-americana".

️ Para o jurista Hugo Albuquerque, Washington chega para, "pela primeira vez desde a primeira vitória de Evo Morales, [...] ter um presidente aliado. Mas isso não é apenas o Rodrigo Paz, o Tuto Quiroga [adversário de Paz] será um grande aliado de Washington. "

Segundo ele, o vencedor do pleito, seja Paz ou Quiroga, formará com os governos de Javier Milei, na Argentina, e possivelmente de José Antonio Kast, que lidera as intenções de voto das eleições marcadas para novembro, no Chile, uma "cabeça de ponte conservadora no Cone Sul".

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